A Ética da Libertação: Compromisso com a dignidade da pessoa humana
Renato Nunes Bittencourt
Doutor em Filosofia pelo PPGF-UFRJ Professor do Curso de Administração da FACC-UFRJ
Ao longo de 2023 a Filosofia-Teologia da Libertação perdeu dois de seus estimados expoentes, Franz Hinkelammert e Enrique Dussel. Nossa modesta proposta no presente texto consiste em celebrar as suas obras e demonstrar a coerência com esse projeto filosófico enraizado em uma perspectiva de profunda necessidade de mudança do tecido econômico, social e político de nosso mundo colapsado, cheio de progresso técnico, parco de bem-viver devidamente distribuído entre os seres humanos de todas as partes do globo. A partir das obras desses dois pensadores trabalharemos diversos aspectos dessa práxis filosófica que faz da consciência religiosa um mecanismo de transformação social.
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O que está em jogo na reflexão sobre o suicídio?
João Marcos Fernandes Fagundes Neves
Bacharel em Filosofia - Claretiano
Várias áreas do conhecimento desenvolveram teses, estudos e questionamentos sobre a morte voluntária, como a sociologia, a teologia, e a psicologia. A literatura, embora em muito seja considerada ficcional, recria e transmite, através da mimese, a realidade como ela se apresenta. Ela sempre se mostrou um campo favorável a essa discussão. É certo que em todos os séculos da literatura a problemática da morte voluntária se fez presente. Muitos literatos versaram sobre essa temática; um deles foi Dostoiévski, ao narrar o suicídio de Kirilov no romance Os demônios e as motivações suicidas do protagonista homônimo do conto O sonho de um homem ridículo. No que segue, discutiremos o suicídio a partir do conto, pois ele reelabora a discussão do suicídio e desperta no leitor reflexões sobre o assunto.
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Há espaço para o sagrado no horizonte conceitual e experiencial do homem contemporâneo?
Rogéria Guimarães Alves Bernardes
Doutora em Psicologia - UFF
Introdução
Há um consenso generalizado de que o período histórico conhecido como “Idade Moderna” tenha provocado radicais transformações nas relações humanas e nos contextos sociais, afetando, de maneira especial, o modo como a humanidade passou a se relacionar com a natureza, com o binômio saúde/doença, com o poder abstrato do Estado, com as noções de trabalho, de produtividade e de acumulação de bens, com as experiências de tempo e – dentre tantas outras transformações – com a construção identitária do sujeito. É fato corrente, no entanto, que, nenhum cenário parece ter sido tão drasticamente afetado quanto aquele que se relaciona com o âmbito do sagrado e do religioso.
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SOLIDÃO NA FILOSOFIA DE NIETZSCHE
ÍCARO SOUZA FARIAS
Mestre em filosofia – UFF
Doutorando em Filosofia – UFRJ
Ó solidão! Solidão, pátria minha! Quão terna e bem-aventurada me fala a tua voz!
Nós não interrogamos um ao outro, não reclamos um ao outro, passamos, um ao outro aberto, por portas abertas.
Pois contigo tudo é aberto e claro; e mesmo as horas correm aqui com pés mais leves [...] (NIETZSCHE, 2011, p. 176).
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Nietzsche e os desafios filosóficos da modernidade
José Carlos Silva Rocha Costa
Doutorando em Filosofia - UFBA
Para boa parte da tradição filosófica, iniciada com Platão, a concepção de uma mente divina serviu como o ponto de referência máximo, como a fonte e o critério para definir o que era a verdade e quais eram os valores que deveriam vigorar. É claro que hoje em dia, no interior da tradição filosófica, não é mais assim que valoramos e definimos o que é a verdade. Esse processo de secularização do modo de pensar tem uma longa história e diversos personagens importantes. No presente texto eu gostaria de apresentar alguns aspectos desta mudança a partir do pensamento de Nietzsche.
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