NA MORALIDADE RESIDE ALGO DE MÁ CONSCIÊNCIA?
JOSÉ CARLOS SILVA ROCHA COSTA
Licenciado em Filosofia – (UESB)
Mestrando em Filosofia – (UFBA)
Introdução
Quem é capaz de imaginar, caro leitor, que o fundamento da sua moralidade reside na má consciência? A história da ética tem a tendência de mascarar e até mesmo negar a existência dessa ligação entre a exigência de um gesto nobre atual cujo fundamento reside em um gesto nada nobre de um antepassado. No que segue, eu gostaria de apresentar a partir da leitura genealógica realizada por Nietzsche, os elementos fundamentais que estruturam a moral ocidental. Não se trata de reparar aspectos da ética historicamente desejada, calcada na racionalidade dos costumes e a consequente elevação destes a um fundamento moral universal como encontramos na filosofia de Kant.
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Espaço-poesia:
O pessimista que tocava flauta
Nesse mundo que tem como essência
a vontade e a potência do homem
Nesse mundo filantropia é sonho
que doa com ganância na face da aparência
Mesmo nos dias cinzas a felicidade é colorida
e aquele que traz no pensamento a melancolia
conduza melodia filosófica viva
e vive em conflito com a cólera da vida
Tocando flauta no frio da locomotiva
transparente cortina cheia de vida
surfando nas ondas da extasia
lúcido em espírito de poesia
E pra quem busca as próprias verdades
o mundo é pra quem não tem medo
e anda no deserto urbano sem freio
de promessas o inferno está cheio
Atento aos voos dos poetas errantes
Walys, Dantes, Cervantes
Em suas fábricas de sonhos
Habitantes de terras distantes
Cuspindo razão delirante
Eu vou vivendo alucinações
nas fluidas avenidas, pessoas escondidas
escrevendo a alma da vida
Poeticamente nos passos da imaginação
Apressando lentamente as palavras
Voar, movendo no ar, subindo aos céus
Pelo amor inebriante dos versos.
JOHN BARROS
Nietzsche e as flutuações do ressentimento
Renato Nunes Bittencourt[1]
O ressentimento consiste na disposição psicofísica de se sentir novamente um afeto, geralmente desagradável para nosso senso pessoal de valoração. Não se trata apenas de uma mágoa ou sentimento de raiva perante um desagravo sofrido, mas acima de tudo de um remoer psíquico que evoca as recordações turbulentas que ainda maculam violentamente a afetividade da pessoa. É importante destacar essa informação pois também usualmente relembramos no presente vivências agradáveis de outrora, como se tal rememoração não apenas fosse uma recordação alegre de algo que já passou, mas também evocasse na atualidade os mesmos afetos originais. No entanto, não consideramos como ressentimento esse tipo de lembrança positiva do bom momento vivido no passado, pois o conceito de saudade, ainda que inquantificável, absorve essas disposições felizes do tempo que não está mais presente em ato. Por isso enfatizamos o estado de ressentimento como uma experiência psicofísica desagradável para quem padece desse transtorno, inclusive com seus tons orgânicos, tal como Nietzsche esmiúça:
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UMA RECEITA ESTOICA PARA ENFRENTAR AS ADVERSIDADES DA VIDA
JASSON DA SILVA MARTINS
Doutorando em Filosofia – (UFBA)
Mestre em Filosofia – (UNISINOS)
Introdução
Escrevi o presente texto como resposta aos meus interlocutores que acham difícil colocar em prática os preceitos da filosofia estoica hoje. Quero alertá-los, de saída: é preciso conhecer algo da filosofia estoica e, em seguida, praticá-la. Não são exigências fáceis, mas também não são inalcançáveis como alguns pensam. O pressuposto é muito antigo e simples, como dizia Espinosa: tudo que é bom e edifica é raro e difícil de conseguir. Viver de forma estoica é levar uma vida coerente, ritmada pelo exercício, cuja repetição permite transformar profundamente a nossa maneira de viver. Adaptados ao nosso contexto, os princípios e os exercícios estoicos podem ser um grande auxílio, cuja finalidade é ser livre e viver feliz.
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Agostinho e Kierkegaard: arbítrio e liberdade
Paulo Ricardo Gomides Abe
Doutorando em Filosofia - USP
Neste artigo, procuraremos analisar o conceito de livre arbítrio e liberdade em Agostinho e Kierkegaard, atentando para como chegam a uma possível mesma conclusão quanto às tendências negativas de seus conceitos. Para tanto, tomaremos o livro Livre arbítrio de Agostinho e algumas obras de Kierkegaard que abordam o assunto.
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