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Fazer e ter: posse e liberdade (relações) em Sartre

Apresentação: Almir José da Silva

Bacharel e Licenciado em Filosofia (UNISANTOS)

Especialista em Filosofia Clínica (Instituto Packter)

Membro do Instituto Interseção.

 
Dia 18 de novembro de 2014 às 17horas.
Local: Av. Conselheiro Ribas, 136, Santos/SP (Sesc)
Sala: Auditório

Primeiramente antes de nos acercar do tema referido é importante notar que este ensaio é tem por base uma ontologia que tem especificamente o problema da posse frente a liberdade do ser.

A cerne da questão está em investigar as raízes destes fenômenos tipicamente humanos e seus desdobramentos no indivíduo como uma singularidade existencial.

 

Alguns paradigmas ontológicos acerca do desejo

 

Desejo é o ser da realidade humana, e este desejo é a falta de ser. Este último por fim é uma relação vivida. Este ser da realidade humana que se constitui a partir da realidade vivida é chamada por Sartre de Em-si-Para-si.

O Em-si  consiste no que é , a própria contingência. No que diz respeito Em- si- Para- si, este é o ideal do Em-si, estando para além da contingência e toda existência.

Todavia, a natureza humana segundo Sartre não está em nenhuma destas realidades, aliás a realidade humana se expressa mais apropriadamente como transitoriedade, isto é, não se constitui como algo estagnado (estado de coisa) e ao mesmo tempo busca a causa de si, mas não traça como busca mas de torna-se ela mesma. O homem é puro empenho para fazer-se Deus.

Entretanto, o termo desejo designa também a um existente em bruto e concreto que comumente denominamos objeto do desejo, caracterizando um dos aspectos do ser no mundo. Este estar no mundo partindo das várias observações empíricas que podemos enunciar que há três grandes categorias originárias das relações do ser com o mundo: fazer, ter, ser.

Assim, chegamos no ponto de partida de nossa discussão, pois as duas primeiras categorias constituem o objeto de nossa discussão neste momento, para isso elucidemos: O fazer reduz-se a um meio para ter. O fazer neste olhar está voltado para o vínculo de criação sobre determinado objeto e eu conferindo um direito de propriedade sobre aquela existência. Ainda que, tal particularização possa ressoar forte, é necessário que exista por mim. Isto é, o objeto desejado e possuído como parte da emanação daquele que deseja (cria).

A partir disto POSSUIR é ter para mim, ou seja, ser o fim próprio da existência do objeto. O possuidor com base nos princípios dados acima se constitui como a razão de ser do objeto do possuído.

Com isso, nasce caráter ideal do vínculo apropriador e a função simbólica de toda conduta apropriadora. Esta conduta vai além da intencionalidade direta de possuir algo, mas em toda a ação atitudinal, até o mesmo a doação torna-se uma forma de possuir, pois marca o outro com suas beneces voltando ao ciclo criacional “aquela coisa somente se constituiu a partir de minha intervenção seja esta por um sentimento de generosidade ou não”.

 

O que a Filosofia Clínica tem a ajudar?  O ferramental da Filosofia Clínica traz a partir de um olhar transfenomênico a construção conjunta para a compreensão situacional e se possível a resolução de choques ali presentes. Todavia, longe de ser uma fórmula de solucionamento dos problemas, apresenta-se mais um caminho para a busca da auto-compreensão ou até mesmo como observação da própria Estrutura de Pensamento sem a intenção anterior.

Por fim, o trabalho abordará a leitura do filósofo clínico. Tendo como foco a importância do sujeito como ser autônomo, responsável por sua vida e ainda consciente dela. Entretanto, tal fala não está atrelada a dizer que este caminho seja para a liberdade ou até mesmo para uma realização plena, mas apenas uma possibilidade para a compreensão de si mesmo.

 

BIBLIOGRAFIA

 

AIUB, Monica. Para entender filosofia clínica: o apaixonante exercício do filosofar. Rio de Janeiro: WAK, 2004.

 

 

FOUCAULT, Michel. A Hermenêutica do Sujeito: edição estabelecida sob a direção de François Ewald e Alessandro Fontana, por Frédéric Gros: Tradução Márcio Alves da Fonseca, Salmas Tannus Muchail._ São Paulo: Martins Fontes, 2004.

 

SARTRE, J. P. O Ser e o Nada. Petrópolis: Vozes, 2002.

 

NIETZSHE, Friedrich. Ecce Homo. Como Alguém se Torna o que é.Tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza – São Paulo: Companhia de letras, 1995.