Espaço-poesia:
O pessimista que tocava flauta
Nesse mundo que tem como essência
a vontade e a potência do homem
Nesse mundo filantropia é sonho
que doa com ganância na face da aparência
Mesmo nos dias cinzas a felicidade é colorida
e aquele que traz no pensamento a melancolia
conduza melodia filosófica viva
e vive em conflito com a cólera da vida
Tocando flauta no frio da locomotiva
transparente cortina cheia de vida
surfando nas ondas da extasia
lúcido em espírito de poesia
E pra quem busca as próprias verdades
o mundo é pra quem não tem medo
e anda no deserto urbano sem freio
de promessas o inferno está cheio
Atento aos voos dos poetas errantes
Walys, Dantes, Cervantes
Em suas fábricas de sonhos
Habitantes de terras distantes
Cuspindo razão delirante
Eu vou vivendo alucinações
nas fluidas avenidas, pessoas escondidas
escrevendo a alma da vida
Poeticamente nos passos da imaginação
Apressando lentamente as palavras
Voar, movendo no ar, subindo aos céus
Pelo amor inebriante dos versos.
JOHN BARROS
A crítica de Nietzsche à visão moderna da história
Ícaro Souza Farias
Doutorando, Filosofia, UFRJ
Mestre, Filosofia, UFF
A segunda extemporânea
Nietzsche escreveu sua segunda extemporânea, Sobre a utilidade e a desvantagem da história para vida, durante o inverno de 1973-1974. O livro em questão fez parte de um projeto que se consolidou em quatro extemporâneas. Para levar a cabo essa breve investigação sobre a segunda extemporânea é necessário aclarar o contexto histórico no qual a obra surgiu. Em outras palavras, é necessário entender as razões que motivaram Nietzsche a escrever o livro em questão. O próprio título já oferece sinais valiosos do intento nietzschiano, ou seja, pensar, refletir sobre a utilidade e a desvantagem da história para vida. A história, portanto, está sendo considerada enquanto objeto de reflexão tendo a vida como objetivo último. Nietzsche já esboça no título da obra que a história pode tanto ter aspectos vantajosos ou não do ponto de vista da vida.
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UMA REFLEXÃO SOBRE A POBREZA
ADENAIDE AMORIM LIMA
Doutoranda em Filosofia – UFSM
Mestre em Educação – UESB
Introdução
É possível uma reflexão filosófica sobre a pobreza? Uma vez que a filosofia reflete em torno de conceitos, é sempre complicado abordar tópicos que não estão dentro de um horizonte conceitual prévio. A pobreza, como veremos abaixo, não é algo conceitual ou uma “realidade” historicamente estável. Refletir, então, sobre este tema pode significar expor o quanto o seu sentido foi mudando de acordo com a sociedade. Essa mudança, claro, não significa que a situação foi melhorando, mas sim que o tema foi sendo tratado de acordo com a situação histórica de cada sociedade.
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A verdade é uma necessidade humana?
Diego Carmo de Sousa
Licenciado em Filosofia – (UESB)
Mestrando em Filosofia – (UFMG)
Introdução
No livro Memórias da Emília, do Monteiro Lobato (1882-1948), a personagem título, questionada pela Dona Benta, que duvidava que ela soubesse o que era verdade e mentira, respondeu-lhe: “verdade é uma espécie de mentira bem pregada, das que ninguém desconfia” (LOBATO, 2009, p. 13).
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O absurdo da existência em Camus: Reflexões sobre sua peça O equívoco
Maurício Uzêda de Faria
Doutorando em Filosofia - UFBA
A revolta e o absurdo são noções centrais na filosofia de Camus. Além de estarem presentes, como núcleos principais, em O homem revoltado e O mito de Sísifo, respectivamente, os referidos temas perpassam também suas obras literárias, como O estrangeiro, A peste, O equívoco, etc. A relação entre as duas noções é exposta nas primeiras páginas de O homem revoltado, em que Camus relaciona o problema do suicídio e do absurdo, como aparece em O mito de Sísifo, ao do homicídio e da revolta, em O homem revoltado (CAMUS, 1999, p.15). Embora neste último ensaio Camus trate principalmente do assassinato como ação política, em outros momentos podemos ver como este problema – do “direito” de matar, ou do crime travestido de inocência – aparece fora da esfera política.
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