Editorial
O homem, o mercado e o meio ambiente
O debate sobre a realidade e o homem na procura de sua estruturação racional nos dias de hoje tem, nos pensadores da escola de Frankfurt, uma importante contribuição.
Em geral, os comentadores dividem a intervenção da Escola em dois períodos, um vai da sua formação até meados dos anos cinqüenta, outro se desenvolve dos cinqüenta até a atualidade, com ligeiras modificações, onde o principal expoente vivo é Habermas.
É claro que, com o passar do tempo, alguns pontos defendidos pela Escola – embora os formuladores da teoria crítica nunca tiveram uma ação, digamos, unificadas no corpo de idéias apresentadas – alguns pontos foram modificados: Habermas aproxima-se hoje de alguns aspectos analíticos (neopragmatismo, por exemplo) que não estariam em consonância com as idéias de alguns expoentes da Escola, tais como Marcuse, muito crítico a todo panorama filosófico americano que conhecia bem, por lá viver e lecionar, com o exílio forçado pelo nazismo, da década de trinta, até a sua morte em meados dos anos setenta.
Porém, para entendermos o processo de atualidade da Escola de Frankfurt, é fundamental contextualizarmos um pouco as suas origens.
A gênese da Escola na Alemanha das décadas de 1920/1930 é inseparável do debate sobre o que constitui o marxismo ou sobre o alcance e o significado de uma teoria concebida com uma interação prática: a crítica e a subversão da dominação em todas as suas formas.
Podemos afirmar que alguns pontos são importantes no processo conjuntural da formação: a derrota política dos movimentos de esquerda após a I Guerra Mundial; o colapso de massa dos partidos de esquerda na Alemanha e Itália; o surgimento de um movimento reformista da esquerda; a degeneração da revolução russa com o stalinismo e, por último, a ascensão do fascismo e nazismo.
O processo de reflexão da escola nesse contexto coloca o aprofundamento de novas premissas no campo do marxismo e principalmente a visão de que o socialismo não seria um desdobrar natural da razão em um mundo em crise.
Com uma análise instigante, apresentam, os pensadores, um trabalho critico em relação ao pensamento filosófico moderno, buscam o obscuro da racionalidade advinda com as Luzes – todo o racionalismo da filosofia iluminista – e mais do que nunca, trabalham com as contradições, as quais tornam possível a ascensão da razão instrumental em detrimento da razão filosófica humana.
A inflexão analítica que fazem esses pensadores e o seu papel na crítica de uma desumanização, da chamada banalidade do mal, de uma massificação das artes e da evolução na sociedade de mercado do homem unidimensional, na visão de Marcuse, projeta algumas preocupações da escola com a constante alienação do homem moderno.
Por outro lado, uma das preocupações básicas é justamente a perda de autonomia do homem moderno; nossa razão estaria se desfazendo de uma saber prático da vida cotidiana que envolve escolher, medir passos e atuar procurando um bem comum a todos. Assim , o desencantamento do mundo acaba por determinar uma não razão na razão, ou uma racionalidade-irracional.
O que nos resta é viver em um mundo das mercadorias, e o mundo das mercadorias e da razão das mercadorias não abarca uma razão humana; um dos mais importantes pensadores da Escola, na sua primeira fase, afirma bem propriamente: o homem exila-se no mundo que criou, existe o que é apontada por vários comentadores, vanguarda e ditadura, ciência planetária e guerra, portanto: domínio técnico do mundo natural (da natureza) e o exílio do homem.
Walter Benjamim, a quem citamos acima, completa sua idéia com uma reflexão que marca as preocupações da Escola e, indiscutivelmente, a atualidade “Baudelaire captou traços da imunidade futura. Lemos nos Fusées: ‘O mundo vai acabar (...).Não é particularmente pelas instituições políticas que se manifestará a ruína universal(...)Será pelo aviltamento dos corações’”.
Diante de tal situação, restam-nos, ao que parece, apenas três alternativas: ou defendemos a realização desse sistema e apostamos tudo na sua perfeição; ou negamos totalmente a sua validade e tentamos criar um novo; ou o que se mostra mais viável, procuramos encontrar as imperfeições do sistema vigente para que, a partir daí, possamos reorganizar as estruturas, cessando o processo de vitimação e incluir as vítimas, já feitas, no processo social. Para isso, contudo, será necessário libertarmo-nos de alguns paradigmas norteadores do sistema atual, os quais conduzem, inexoravelmente, à racionalidade totalitária. Caso contrário, o homem, aniquilado em sua autonomia, terminará por aniquilar o planeta em que vive e, por conseqüência, a própria humanidade.
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Introdução à Filosofia Contemporânea
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