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A ideia de liberdade em Nietzsche

“As três metamorfoses do espírito”

Apresentação: Sabrina Bittar

Dia 18 de novembro de 2014, às 16h30

Local: Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida, Santos/SP (SESC)

Sala: Auditório

 

O espírito de respeito quer a carga mais pesada. A dinâmica apresentada nas “três metamorfoses” implica na capacidade de assimilação, da adaptação, da afirmação da negatividade e da sua consequente transformação. O valor milenar do “Tu-deves”, será golpeado e mitigado pela supremacia radical da autodeterminação do “Eu-quero” e “para acabar” o que vai restar é apenas o - nada - apenas uma afirmação santa.

 

Uma reflexão baseada na dissertação de Nietzsche “As três metamorfoses do espírito” e seu conceito de liberdade

 

Após esta apresentação de uma das dissertações de Assim Falou Zaratustra de Nietzsche, analisaremos inicialmente o significado de espírito. Em geral quando se fala do espírito, como por exemplo que o homem é ou tem espírito, não dizemos nada, pois costumamos dizer que o espírito não é matéria e portanto, usamos defini-lo negativamente. Nietzsche porém, vem nos dizer concreta e positivamente, o que ele é, como se estrutura o espírito. Ele é essencialmente: camelo, leão, criança. O espírito carregador é a matéria do espírito. Somente se tem a capacidade de carregar é que seu peso se torna substancioso, isto é, há como que um aumento do peso receptivo de energia. É somente quando está prenhe dessa recepção carregadora que o espírito pode libertar-se, na dinâmica da luta, do leão. É diante do esvaziamento da força interna das normas e valores que vêm de fora como imposição, que um outro valor mais poderoso, pode ser criado. Quando nem o “Tu-deves” nem o “Eu-quero” como forças antagônicas, têm mais o peso que lhes era atribuído, então surge a criança, pura espontaneidade. É a pura essência do “Tu-deves” e do “Eu-quero”: Não no sentido monolítico do caráter inicial de unidade, mas, de novo na unidade, com o frescor, com o vigor, como o alegre jogo de modulações da Vida em todas as coisas.

 

Então, em primeiro lugar, o espírito de suportação torna-se camelo e toma sobre si o que há de mais pesado, para que sua força se alegre. Em segundo lugar, a segunda metamorfose ocorre no mais ermo dos desertos, onde quer lutar com seu pior inimigo o dragão do “Tu-deves”, dos valores impostos, para então abrir-se a possibilidade de criar novos valores, tendo dito: “Eu-quero”. Finalmente, em terceiro lugar, o espírito de suportação e de respeito, deve tornar-se criança; tornar-se inocência.

 

Nietzsche entende a liberdade como a afirmação que se faz do necessário. Essa ideia vai de encontro ao conceito aristotélico de voluntarismo que compreende a liberdade como causa de si. A noção de causalidade herdada da tradição metafísica vem a ser resgatada pela tradição cristã, que entende a liberdade como livre-arbítrio, para assim poder tornar o homem responsável e iminentemente culpado por suas ações. Nietzsche pelo contrario, afastando-se da noção moral, leva-nos a uma compreensão artística da liberdade, que consiste em criar sempre novos valores. Com a afirmação do necessário e a adesão aos impulsos terrenos, abrimo-nos para um pathos amoroso a todas as faces da vida, belas e trágicas.

 

O problema do leão é que, na maioria dos casos, ele ainda está preso ao que ele é contra. Como diz o mestre espiritual Osho, que comentou a teoria de Nietzsche no livro "Liberdade, a coragem de ser você mesmo", a grande maioria da humanidade está empacada no estado do camelo; a minoria está empacada no estágio do leão. A maioria significa as massas; a minoria, a intelligentsia (pintores, músicos, cineastas, intelectuais, escritores, uma boa parte dos pensadores...). O leão, continua Osho, evolui das massas e se faz por si mesmo. Ele é basicamente mental e egóico. Já para se formar a criança é preciso uma revolução interior. A criança é a pessoa que passou por uma transformação interna absolutamente radical. Ela tornou-se um outro ser, renasceu. É pós-mental e pós-egóica. O camelo vive no passado, o leão no futuro e criança aqui e agora. Ela é a única realmente livre.

 

Bibliografia:

 “Zaratustra e o Niilismo em: das Três Metamorfoses” Sonia Regina Lyra : http://www.ichthysinstituto.com.br/artigos_detalhe.asp?ID=17

 

“A QUESTÃO DA LIBERDADE EM NIETZSCHE” Rudah Silva, Vânia Dutra de Azeredo:

  https://www.puc-campinas.edu.br/websist/portal/pesquisa/ic/pic2011/resumos/2011822_154746_281936934_resuda.pdf

 

“Caminhos da liberdade”  Liane Alves :

 http://vidasimples.abril.com.br/temas/caminhos-liberdade-269910.shtml