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Editorial

Uma das questões que muito se tem falado no Brasil já há algum tempo é o problema da violência. Também é corrente que se o Brasil tivesse, dentre outras coisas, um bom sistema educacional, isto é, com qualidade e quantidade, muitos desses problemas seriam amenizados e a sociedade seria bem melhor. Não pretendemos, aqui, dar nenhuma receita milagrosa como muitos o fazem, principalmente os políticos. Propomos, ao contrário, uma reflexão não apenas acerca dos problemas educacionais do Brasil, mas, sim, sobre alguns pontos fundamentais da relação pedagógica instaurada não apenas aqui mas praticamente em toda sociedade ocidental. Quando falamos em pedagógica, estamosindo muito além da escola. Falamos da formação do ser humano, do cidadão, e essa relação começa em casa, desde bebê, ou até talvez antes, ainda na vida intra-uterina. Disso tudo já fica fácil perceber que a questão envolve repensar o mundo e nesse caminhar chegamos, necessariamente aos grandes pensadores da humanidade, que influenciaram a formação e organização de sociedades, desde a Grécia Antiga até os dias atuais. Pensemos, então, apenas ilustrativamente, em alguns desses filósofos, precisamente no que diz respeito às suas propostas pedagógicas. A partir de uma releitura criteriosa, observamos que  sempre buscaram a manutenção dos sistemas vigentes na sociedade e, mais propriamente, os sistemas dominadores. É o que verificamos ao analisarmos, por exemplo, o método maiêutico de Sócrates, em que o seu discípulo era sempre levado a concordar com o mestre, num processo em que o novo pensamento era sempre rejeitado em benefício do pensamento vigente. O mesmo ocorre também conforme o pensamento de Platão, segundo o qual o processo pedagógico consiste num recordar o mesmo para que se manifeste atualmente. Na modernidade, a subjetividade admitiu a tabula rasa, mas se desviou para afirmar que o ensinamento constitui-se, por exemplo, no elucidar “le bon sauvage” (de Rousseau), ou no reencontro do mesmo na dialética hegeliana.

Nesse processo, podemos perceber o sufocamento do ser, do outro, que acaba sendo instrumento do dominador privilegiado, e formado para servir-lhe, tanto na produção como na consumação. É o esmagamento da autonomia, da liberdade e da alteridade do ser. O Outro começa a encontrar obstáculos desde a criação dominadora a que é imposto pelos pais, a começar pelo dizer meu filho.

Pensamos, pois, que um processo pedagógico autêntico e livre deve partir de uma analética (que vai além da dialética) de libertação, conduzido por um mestre crítico que atue com o discípulo num serviço mútuo, movido por um amor pedagógico, em direção à liberdade e autonomia, formando um outro livre e capaz de escolher criticamente seus caminhos diante das possibilidades que se lhe apresentam no mundo.

Podemos concluir, finalmente, que a pedagógica  deve proporcionar o surgimento de um novo ser que, inserto na sociedade, deverá ser conduzido para a abertura de suas possibilidades, as quais serão realizadas paulatinamente, segundo o seu próprio novo mundo constituído. Cabe relevar, aqui, finalmente, o entendimento de Enrique Dussel no sentido de que a criança vem ao mundo como uma tabula rasa, e, durante o processo de ensinamento, percorre todo o tempo de existência do homem na terra, não num processo de repetição ou recordação, mas de inovação, aprendizagem verdadeiramente dita, manifestando-se aí as possibilidades de se fazer ele mesmo e, portanto, Outro.

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Moderno II

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Ética e Justiça: a proposta de Enrique Dussel para o mundo atual

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Uma filosofia da liberdade

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As teorias de Galileu diante da Inquisição

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