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Cultura, Educação e Praxis

Um processo de  desenvolvimento cultural pode libertar os homens de suas “amarras sociais”? Esta é uma questão que deve estar na ordem do dia para todos aqueles que refletem ou lidam com a educação no dias de hoje. Não podemos trabalhar estes dois conceitos de uma maneira separada, pois estão intimamente ligados.

Porém, é necessário entender que Educação e Cultura refletem uma praxis, isto é, uma prática. Em artigos anteriores, defendemos a idéia de que o processo educativo é um reflexo da sociedade que o cerca, e a própria cultura é também um produto social. Não podemos entender esses dois propósitos (os atos de produzir algo cultural e construir um processo pedagógico educacional ) como fruto de um “gênio governamental” ou de um –nos dias de hoje, infelizmente, assim é – “mercado poderoso”.

            Os que assim pensam – infelizmente não são poucos – promovem uma  “cultura” descartável, de rápida assimilação ou um “saber” enciclopédico, metafisicamente dogmático e sem ousadias e questionamentos. A filosofia moderna nasceu                no       questionar    a      realidade, o

 “penso, logo existo” cartesiano partia da realidade na busca de uma racionalidade plena sobre a própria realidade. Portanto, é fundamental, ao discutir esses dois conceitos, incluir um outro, o da praxis, e perguntar-se a quem serve uma cultura e uma educação nos moldes da que assistimos nos dias de hoje. Um dia alguém respondeu: – quem está lucrando! E na verdade não estava mentindo, pensou certo. Existe muito lucro, e em todos os sentidos, com isto que nos cerca e chamam de “educar” e  “cultura”.

Mudar só a prática garante tudo? Adotar o filósofo da moda (de preferência um que se intitule pós-moderno!), entulhar escolas e Universidades de computadores (mesmo que as salas de aula tenham mais de 100 alunos) seria a solução? Não, este não é o caminho, embora seja o mais encontrado hoje em dia. Nesse tema que estamos aqui discutindo, é muito interessante notar como a praxis está sempre relegada a um segundo plano, e isto não é difícil de entender, pois a prática da nossa educação – quando não é calcada em uma metafísica fixista- somada a uma cultura descartável é a de um saber extremamente enciclopédico, o qual deixa os homens por demais desarmados e passivos perante a realidade que os cerca, sem falar que muito pouco disso tudo tem uma aplicação concreta. Uma cultura-mercadoria só pode tornar possível uma educação reprodutora desta sociedade voltada para a mercadoria e não para o homem.

            Apesar dessa constatação, é possível mudar, devemos mudar. No novo século que se desenvolvem “novos outubros” são possíveis ou, se quiserem os mais moderados, novos “julhos” podem ser fatos concretos. As condições são dadas pela realidade que nos cerca, e a construção de uma VERDADEIRA CULTURA passa, antes de mais nada, por um processo de construção de uma nova praxis e, assim, pela transformação da realidade, devendo ser entendida esta transformação em todos os sentidos, social e economicamente falando.

            Buscar esta transformação é construir esta nova praxis e, principalmente, refletindo no aspecto filosófico da questão, unificar mais do que nunca Cultura e Educação.

Em tempo! Julho é o mês da queda da bastilha na Revolução Francesa, que colocou em derrocada o mundo medieval (séc.XVIII).

Outubro, no calendário russo, marca a Revolução Russa, que colocou em polvorosa o mundo capitalista(séc.XX).

Prof. José Sobreira Barros Jr.

     Bacharel em História e

Mestrando em Filosofia – PUC/SP